Eu tenho o meu próprio kit. E você?

Eu tenho o meu próprio kit. E você?

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Hepatite C na mídia

O tema Hepatite C tem cada vez estado mais presente na mídia. Será um alerta para as nossas autoridades de que já está mais do que na hora de se fazer fortes campanhas para informar, diagnosticar e tratar a população? Ja não está na hora das pessoas saberem?

Nâo saber que tem Hepatite C pode lhe custar a vida!

Faça o teste. Fale com seu médico!

Hepatite C mata mais nos Estados Unidos que HIV (estudo)
Veja.com - 23/02/2012
http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/hepatite-c-mata-mais-nos-estados-unidos-que-o-hiv-estudo

Cura da Hepatite C será possível em 2 anos, dizem especialistas
Folha.com - 19/02/2012
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/1050932-cura-da-hepatite-c-sera-possivel-em-2-anos-dizem-especialistas.shtml

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Fui aprovada no tratamento

No dia 09/01/12, assim que voltei de viagem e ao trabalho, liguei para o CRT e tive a grata surpresa: havia sido aprovada no tratamento.

Viva! Viva!

Como era uma segunda-feira, lembro-me do Dr. Infecto ter recomendado que eu tomasse o Interferon todas às sextas-feiras (é uma injeção subcutânea que eu deveria tomar 1 vez por semana), no final da tarde. O  efeito do medicamento começa a aparecer em aproximadamente 4 horas, e caso eu tivesse alguma reação eu já estaria em casa, e para no caso de um efeito colateral mais forte eu já estaria dormindo.

Eu contava os dias pra chegar a sexta-feira. Por incrível que pareça, esse dia seria uma sexta 13. Não sou nada supersticiosa e nem acredito nisso, mas, definitivamente esse era o meu dia de sorte!

A espera pela aprovação continuava...

Toda semana eu ligava para saber da aprovação do tratamento.

Confesso que cada vez mais eu ficava angustiada. Meu médico já havia me tranqüilizado de que tudo iria dar certo e que eu certamente conseguiria o tratamento. Como já estava muito próximo do Natal, meu médico recomendou que caso eu fosse aprovada, que não esperasse as festas de final de ano pra iniciar, mas que deveria iniciar o logo o tratamento. Ele fez esse comentário, porque muitos pacientes preferiam “tomar todas” como despedida para somente depois iniciar o tratamento.

Eu já estava com a idéia fixa de começar qualquer dia que fosse, mas infelizmente não dependia de mim.

Quase as vésperas do Natal eu ainda não tinha a resposta da aprovação. Daí eu decidi relaxar e deixaria para ligar somente na primeira semana de 2012, assim que voltasse de viagem de uma semana de descanso. Esses dias seriam a despedida para me preparar, comemorar o Natal e brindar o Novo Ano que iria começar e é claro, o recomeço da minha vida.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Apresentando a documentação para início do tratamento

O médico preencheu vários formulários + receituário de controle especial. Eu deveria junto com esses formulários, anexar exames que realizei. O informativo abaixo foi o que recebi.
Nele contém todas as informações sobre a documentação e o tratamento.
Com todos os documentos, dei entrada no início de Dez/2012 no CRT – Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, no bairro da Vila Mariana, na capital paulista.

Chegando lá, entreguei os papéis e me disseram que eu deveria aguardar uns 20 dias para saber se havia sido aprovada no tratamento. Estava tão ansiosa, que não via a hora de iniciar o tratamento, por isso, eu contava os dias.

Próximo da data, liguei para o telefone indicado e nada de resposta. Fiz várias tentativas e já estava ficando preocupada, pois já tinha lido sobre casos em outros estados na demora e até na falta do medicamento. Mais uma tentativa e a resposta: meu tratamento não tinha sido aprovado, pois faltava juntar mais dois exames: o anti-HIV e o HBsAg.

Corri para o Dr. Infecto e peguei as guias (detalhe: eu nunca havia tirado tanto sangue para fazer tantos exames!). Daí ele explicou que há pacientes portadores do HIV que também são portadores do vírus da Hepatite C. Casos como este, o tratamento é diferenciado. Este felizmente NÃO é o meu caso.

Retornar ao CRT com o resultado dos exames e dei entrada novamente nos papéis. Pronto! Agora tudo estava em ordem. Era só aguardar a aprovação.

Importante: uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o tratamento e o atendimento desse CRT. Super humanizado e atencioso.

Explicando a biópsia e o tratamento

Munida do resultado da biópsia, levei ao Dr. Infecto que me explicou direitinho o diagnóstico.

Disse que o tipo de Fibrose Portal 3 é de estágio moderado (há uma escala de 1 a 4). E foi com esse exame que o médico chegou a uma hipótese: de que eu poderia ter contraído a doença no hospital, quando tinha 6 meses de vida, pois ele entendeu que pelo grau da fibrose, significava que eu convivo com a doença há muitos anos.

Eu não fiquei nada satisfeita com o que ouvi, mas ele me tranqüilizou dizendo que sou jovem, que não tenho problemas de saúde. Além disso, havia alguns prós que me favoreciam: ser de etnia branca, não ter diabetes, não ser obesa...

Com todos esses exames, o médico explicou que o tratamento duraria 11 meses, que eu deveria tomar dois tipos de medicamentos: o Interferon (Pegasys) injeção cutânea uma vez por semana, e a Ribavirina 2 cápsulas duas vezes ao dia (manhã e noite). Daí eu perguntei sobre os efeitos colaterais. Bom, são vários, mas ele disse que variam de pessoa pra pessoa. Mas foi ressaltado que alguns são muito freqüentes no início do tratamento, como dores de cabeça, enjôos, queda de cabelo, perda de peso, perda de apetite, paladar metálico, irritação, depressão (mais freqüente pra quem já possui histórico da doença), pele ressecada, secura nas mucosas, leve insônia, dores no corpo, etc, ... Mas depois o organismo vai se acostumando.

Perguntando sobre os custos do tratamento, disse que o SUS trata pacientes com hepatites gratuitamente e que bastava ele preencher alguns formulários para que fosse dar entrada na papelada para o início do tratamento. Ele ressaltou que só o Interferon, que não é fabricado no Brasil, custava muito, mas muito caro.

Nesse mesmo dia ele recomendou passar no CRT - Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, no bairro da Vila Mariana, na capital paulista para retirar os formulários. Nesse local, também tratam pacientes com hepatites. 

Voltando às orientações, disse ainda que a partir do início do tratamento, eu deveria levar uma vida mais regrada, com horários regulares, ter uma alimentação saudável e ZERO ÁLCOOL!

Agora quando ele falou da vida regrada, eu comecei a rir. Rir porque a vida que eu tenho não é lá nada regrada. Minha vida é uma loucura: trabalho em média de 12 a 14 horas por dia, tem a pós-graduação, cuidar da casa, do marido e ainda tem que sobrar tempo pra descansar, curtir a vida e relaxar. É sem dúvida seria um desafio!

Outro desafio era o de deixar um dos meus maiores prazeres: o vinho e a cervejinha do final de semana! Eu e meu marido já estávamos virando experts em vinhos. Já tínhamos os nossos rótulos e uvas preferidas. Estávamos sempre “alimentando” nossa mini adega. Como eu adoro cozinhar, sempre fazia um prato bacana para “harmonizar” com um deles. E os mais especiais sempre deixávamos para uma ocasião especial.

Bom, essas ocasiões especiais terão que esperar um pouco.

Imunizando contra as Hepatites A e B

Uma recomendação importante do médico foi a de tomar as vacinas contra as Hepatites A e B, uma vez que nunca havia tido contato com esses vírus. E como portadora da Hepatite C, caso eu venha a contrair qualquer uma dessas hepatites, poderia ser muito prejudicial ao fígado.

São 3 doses com as vacinas da Hepatite A + B em uma única injeção. Eu já tomei duas doses. Falta a 3ª, que tomarei no mês de Abril/2012.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Biópsia hepática

Em Setembro de 2011 fui fazer a biópsia hepática. As explicações do médico do procedimento desse exame me causaram calafrios. Imagina uma agulha perfurando seu fígado para retirar uma amostra. Literalmente tirariam meu fígado - na verdade um fragmento...  risos.

Fiz o procedimento num excelente hospital da capital.

Não vou dizer que não tive medo, mas eu estava apreensiva e muito ansiosa. Meu marido estava ali para me dar força e me acompanhar. No dia do procedimento, tive que levar todos os exames que havia feito. Não foi necessária internação.

A equipe do hospital que me atendeu foi super atenciosa. Tenho certeza que isso em muito contribuiu para que eu ficasse calma e tranquila. Tudo durou pouco mais de 1 hora entre a anestesia (local) e o procedimento.

Logo após, fui para um quarto e a recomendação era permanecer deitada de lado, em cima do curativo por algumas horas, pois de acordo com o médico, podia ocorrer sangramento na região. Fiquei ainda em observação umas 4 horas, depois fui liberada para ir pra casa me recuperar.

No dia seguinte já pude trabalhar, mas a recomendação era não fazer nenhum esforço.
Por uns 10 dias senti dores na região, mas nada que atrapalhasse meu dia a dia. Tudo correu perfeitamente bem.

Semanas depois saiu o resultado.

DIAGNÓSTICO: BIÓPSIA HEPÁTICA:- HEPATITE CRÔNICA COM MODERADA ATIVIDADE E FIBROSE PORTAL EM PONTE COM ÁREAS DE TRANSFORMAÇÃO NODULAR. MÍNIMA ATIVIDADE INFLAMATÓRIA LOBULAR PRESENTE (METAVIR A2F3).

Classificação das hepatites segundo a SBP
Fibrose portal: 3
Inflamação portal: 2
Atividade periportal: 2
Atividade parenquimatosa: 1

Difícil compreender o resultado, não? Estava ansiosa para retornar ao meu infecto para que ele explicasse direitinho o exame, e me indicasse o próximo passo.

A Hepatite C e os tratamentos

O médico me explicou a bateria de exames que eu deveria fazer, da biopsia hepática para saber como estava o fígado, como seria o tratamento e as probabilidades e o sucesso de cura.

Ele explicou que há 3 tipos de genótipos. O genótipo 1 e os genótipos 2 e 3. O primeiro é o mais comum entre os pacientes infectados com o vírus HCV, mas é o mais resistente e mais difícil de tratar. O tratamento tem duração de 11 meses. Já os genótipos 2 e 3 são mais fáceis de tratar, pois respondem melhor ao tratamento. O tratamento tem duração de 6 meses.

A bateria de exames que eu faria revelaria muitas coisas, inclusive o tipo de genótipo e, consequentemente, a identificação do tratamento mais adequado.

Uma das dúvidas que tive foi com relação aos custos do tratamento. O Dr. Infecto para minha surpresa explicou que custava zero Reais pelo SUS. O SUS (Sistema Único de Saúde) trata pacientes com hepatite C gratuitamente, e bastava eu provar que precisava do tratamento. Afirmou ainda que a entrada nos papéis é um tanto burocrática, mas não demorada. Logo imaginei que se justifica pelo alto custo do tratamento.
Para solicitar o tratamento, todos os exames devem ser anexados a inúmeros formulários. Um médico do SUS confere os exames e avalia se preencho todos os requisitos para iniciar o tratamento. O tratamento é composto por dois tipos de medicamento. Uma injeção e comprimidos via administração oral. A injeção é o Interferon Peguilado (Pegasys – alfapeginterferona 2 a*), fabricado na Suíça, pelos laboratórios Roche, e a Ribavirina (ribavirina 250mg) fabricada pelo Fundação Osvaldo Cruz/Farmanguinhos. A combinação desses dois medicamentos é que combaterão o vírus.

O doutor explicou que o Interferon possui atividade antiviral, estimulando o sistema de defesa a atacar os antígenos dos vírus que se estabeleceram nas células. Por ser um imunomodulador, ativa o sistema imunológico de diversas formas, fazendo com que este atue com maior eficácia na luta contra as doenças.

Os primeiros exames foram pedidos (todos de sangue): Glicose, Creatinina, Transaminase Oxalacética, Transaminase Pirúvica, Hemograma com Contagem de Plaquetas, Tempo de Protrombina e Atividade, Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada, HormônioTireoestimulante, Ultra Sensível TSH, Alfa Fetoproteína, Perfil Hepatite A (Anti HAV) e Hepatite B (Anticorpo Anti HBs). Foi-me também solicitado um novo exame para detectar e confirmar a presença do vírus. Detecção do Vírus da Hepatite C (HCV) e deu o seguinte resultado: >Limite de detecção: 30UI/mL

Pronto, com a confirmação da presença do vírus, exames mais específicos foram solicitados, como: Carga Viral e a genotipagem para a Hepatite C . Confirmada a detecção do vírus, eu pelo menos tinha a esperança de o resultado não acusar o Genótipo 1. Bom, não diferente da maioria da população, confirmou-se o Genótipo Subtipo 1B. Já a Carga Viral de 547.302 UI/mL.

Correndo atrás de um infectologista

Sai na busca desesperada pelo infectologista. No livro do convênio, encontrei um consultório, perto do meu trabalho, no bairro de Higienópolis, na capital paulista.

Munida dos exames que minha gineco pediu, apresentei–os ao médico. Muito atencioso, ele me pediu que contasse como eu havia descoberto a doença. Comecei contando que queria engravidar, que fiz alguns exames e acabei descobrindo. Querendo saber mais, ele disse que faria algumas perguntas sobre minha vida e meus hábitos. As perguntas foram: “tem tatuagem?”“usa piercing?”“é usuária de drogas?”“têm ou já teve vários parceiros sexuais?”“já passou por alguma cirurgia?”“já recebeu transfusão de sangue?”, A resposta foi “não” para todas, menos a última, pois eu me lembrei que quando tinha 6 meses de nascida, viajamos para a cidade da minha mãe, no interior de Minas Gerais e me deram leite fresco, tirado direto da vaca . Passei mal e desidratei. Minha mãe disse que fiquei tão mal, que fui internada às pressas. Internaram-me num hospital da zona oeste, na capital paulista. Cheguei a ficar em coma e de acordo com minha mãe, os médicos chegaram a me desenganar, pois acreditavam que eu não sobreviveria. Expliquei ao Dr. Infecto que esse foi o episódio mais grave de saúde.

Ele retomou suas explicações e disse que nessa internação eu poderia ter contraído o vírus da Hepatite C, pois naquele ano (eu nasci em 1972), a doença ainda não havia sido descoberta, e não se tinha o cuidado que se tem hoje com utilização de agulhas, transfusão de sangue, etc.

Mais, tarde pensei em outra hipótese: dentista. Quando adolescente fiz tratamentos dentários em alguns consultórios nada lá muito apresentáveis.

O Dr. Infecto ainda explicou que a Hepatite C só foi descoberta no final dos anos 80, e que o teste para a detecção do vírus somente começou a ser feito no inicio dos anos 90.

Bem, a verdade é que jamais descobrirei onde contraí a doença. 

As Hepatites

Há 3 tipos de Hepatites, explicou o médico: A Hepatite A, Hepatite B e a Hepatite C.

Hepatite A
Ingestão de água e alimentos contaminados. Contato com urina e fezes contaminadas. Contágio poderá ocorrer, entre outras formas, durante o ato sexual com parceiro infectado, banho em águas contaminadas, através da saliva no compartilhamento de copos e talheres com pessoa contaminada.

Hepatite B
Contato com sangue contaminado e outros fluídos corporais. O contágio ocorre, entre outras formas, durante o ato sexual com parceiro infectado, na gestação e amamentação por mulheres portadoras, pela saliva, urina e fezes.

Hepatite C
Somente no contato de sangue com sangue contaminado. Transfusões de sangue e seus derivados – principalmente antes de 1993 – indica a maior forma de contágio. Embora incomum, a transmissão sexual é possível.

Eu tenho Hepatite C

Descobri que tinha o vírus da Hepatite C em Julho de 2011.

A descoberta foi um choque para mim e toda a família, e frustrou um sonho que eu e meu marido tínhamos: ter um bebê em 2012.

Depois de mais 7 anos de relacionamento, nos casamos em Junho/2011. Mas há tempos vínhamos falando do bebê, que não somos mais tão jovenzinhos assim, que devíamos nos apressar, que o relógio biológico não espera... (eu estava com 39 anos e o meu marido com 44).

Minha ginecologista sempre me alertou sobre ter filhos tarde e da dificuldade em engravidar depois dos 35.

Após muitas conversas, ela pediu vários exames (normais para quem pretende engravidar) dentre eles os da Hepatite (A, B e C). Ao retirar os exames, passei com minha ginecologista para verificar.. Todos estavam ótimos, exceto o da Hepatite C (Anti-HCV Composto), que apresentou resultado REAGENTE. Após uma breve explicação do que é a doença, dos grupos de riscos, de como poderia ter contraído, minha médica recomendou consultar um infectologista.

Pronto, meu sonho de engravidar estava suspenso.