Gabriela Ruic - Revista Exame
08/11/2013
São Paulo – O mundo tem hoje mais de 150 milhões de pessoas infectadas com o vírus da hepatite C, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas os números desta doença não param por aí: ela é a responsável pela morte de cerca de 350 mil pessoas por ano e contamina outras três milhões.
Os dados são alarmantes, mas boas notícias surgiram nesta semana. Uma pesquisa da Universidade do Texas (EUA), publicada na revista científica The Lancet, trouxe resultados promissores e pode ser a resposta para uma cura definitiva da hepatite C.
Em uma série de testes realizados em 100 adultos contaminados, uma nova
droga, que consiste na combinação dos medicamentos sofosbuvir e
ledispavir, foi capaz de eliminar o vírus da doença em praticamente
todos os participantes. Inclusive aqueles que já haviam tentado outros
tratamentos e não obtiveram sucesso.
Testes clínicos
No experimento, as pessoas foram divididas em dois grupos. O primeiro
era formado por 60 pacientes que nunca haviam feito nenhum tipo de
tratamento e cujos fígados estavam livres de cirrose.
Já o segundo, composto por 40 pessoas, contava com participantes que já
haviam passado por diferentes terapias mal sucedidas. Estes grupos
foram divididos então em subgrupos, de acordo com a condição de cada
pessoa, e cada um deles recebeu uma combinação de drogas.
Houve quem tivesse tomado apenas a mistura dos dois medicamentos e quem
ingerisse ambos, mas combinados ainda com outra substância, a chamada
ribavirina. Os testes duraram 12 semanas e os pacientes demonstraram
sintomas como náuseas, anemia e dores de cabeça.
Os resultados, contudo, impressionaram. “Estas constatações sugerem que
uma dose destes medicamentos, com ou sem ribavirina, tem o potencial de
curar a maioria dos pacientes com hepatite C do genótipo 1,
independentemente do seu histórico de tratamento ou da presença de
cirrose”, informou a equipe.
Repercussão
Charles Gore, chefe do Fundo de Hepatite C, entidade britânica que
busca a conscientização em relação à doença, foi um dos especialistas
que vibrou com o resultado. “Estes novos antivirais são incrivelmente
potentes e mostram que até os casos mais complicados podem ser
tratáveis”, disse Gore em entrevista ao The Guardian.
O novo tratamento já está em análise da
Food and Drug Administration (FDA), órgão do governo americano que
regula o setor farmacêutico. Em outubro, um painel de especialistas que
aconselham o FDA sugeriu, de forma unânime, que a agência aprove a
comercialização destas drogas experimentais. Ainda não há, contudo,
nenhuma previsão de quando isso acontecerá.
Hepatite C
Causada por vírus, doença pode ser transmitida de várias formas como,
por exemplo, via transfusão sanguínea, compartilhamento de seringas ou
outros artigos de higiene pessoal, como escovas de dente e alicates de
unha.
De acordo com o Ministério da Saúde,
a hepatite c se manifesta de forma silenciosa e nem sempre é possível
detectar os seus sintomas. Alguns dos sinais que podem indicar a
incidência da doença são cansaço, tontura, pele e olhos amarelados, além
de febre e enjoo.